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O futuro...

O futuro…

Futuro…

Sentir o tempo dançar, pesar como ar

Na superfície da pele

The future...

The future…

Future…

To feel time dancing, weighing like air

On the surface of the skin

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Meu nome é Maurício da Silva de Lima. Sou artista, nascido e criado na Alvorada, no Complexo do Alemão. 

A favela é a minha coluna, é através dela que eu me movimento. Da minha laje observava uma cidade que escoava do alto dos nossos morros e se alastrava no horizonte. Daqui do alto observava fronteiras, o vendedor de bolas, o mototaxi… vi subir o morro um projeto de pacificação já falido. Subindo e descendo derrubando tudo, casa e memória, corpos e histórias. Vi homens, como eu, morrendo ainda meninos. 

 

Em 2016 encontrei o Mapa da Violência no Brasil, de 2014, e descobri que tudo isso que existe na minha memória, existe também em números: 

77% dos jovens assassinados são negros (entende-se por negros os auto declarados pretos e pardos) e 83,30 % são do gênero masculino, com idades entre 15 a 29, moradores das favelas e periferias. 

 

A cada 2 horas, 7 jovens negros são assassinados no Brasil. São 84 mortos por dia, 2540 mortos por mês, 30.660 jovens assassinados por ano.
 

Mas nós ainda estamos aqui. 

 

Museu dos Meninos é uma obra-museu, um projeto artístico, transdisciplinar, de mapeamento e preservação de memória, feito por uma série de ações no campo do audiovisual, performance e artes visuais, que tem como principal ação um museu virtual feito por uma série de 30 vídeos-depoimento de jovens homens negros, com idades entre 15 e 29 anos, moradores das favelas que compõem o Complexo do Alemão e seus arredores, no Rio de Janeiro. Diferentes gerações refletem o passado, o presente, re-criando a favela da nossa infância e projetando a favela do nosso futuro. Nesse museu esses jovens exercem o direito irrevogável de serem narradores de suas próprias histórias. 

 

Museu dos Meninos nasce pela necessidade de estar vivo. É uma experiência de tempo. É rasurar, criar uma fenda, abrir um beco pra que essas palavras, corpos e imagens e sons, sejam uma cicatriz no tempo. É pra ferir a história que nos mata e que agora não nos esquecerá. 

 

Ninguém mais fala por nós.


My name is Maurício da Silva de Lima. I am an artist, born and raised in Alvorada, at Complexo do Alemão, Rio de Janeiro, Brasil.

Favela is my column, it is through it that I move. From my terrace, I observed a city that drained it self from the top of our favela and spread over the horizon. Up here, I was observing borders, the ball seller, the mototaxi. I saw a failed peacemaking project climbing our streets, up and down knocking down everything, house and memory, bodies and stories. I saw men, like me, dying as children.

In 2016, I found the 2014 Map of Violence in Brazil and I discovered that everything that exists in my memory, also exists in numbers:

 

77% of the murdered youths are black and 83.30% are male, aged between 15 and 29, living in favelas.

 

Every 2 hours in Brazil, 7 young black men are murdered. There are 84 dead per day, 2540 killed per month, 30,660 young people murdered per year.

 

But we're still here. 

Museu dos Meninos is a piece-museum, an artistic, transdisciplinary, mapping and memory preservation project, made by a series of works in the audiovisual, performance and visual arts, and the main action is a virtual museum made by a 30 videos-testimony of young black men, aged between 15 and 29 years old, residents of the favelas that make up the Complexo do Alemão, in Rio de Janeiro. Different generations reflecting the past, the present, re-creating the favela from our childhood and projecting the favela of the future. In this museum, these young people exercise the irrevocable right to be the narrators of their own stories. 

 

Museu dos Meninos borns from the need of being alive. It is a time experience. It is to erase, to create a crack, to open an alley and a scar in time with these words, bodies, images and sounds. It is to hurt the History that kills us and that now will not forget us.

 

No one speak for us


MAURICIO LIMA

Ator, bailarino e performer formado pela Escola de Teatro Martins Pena e graduando do curso de Teoria da Dança, na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atua junto ao grupo Teatro de Extremos e o Coletivo Líquida Ação, em paralelo à sua pesquisa artística autônoma

Em seu trabalho autoral tensiona as questões ético-estéticas relacionadas a negritude contemporânea latino-americana, suas identidades e ancestralidades.

Actor, dancer and performer graduated from the Martins Pena Theater School and graduating in Dance Theory at the Federal University of Rio de Janeiro. Works with the Teatro de Extremos group and the Coletivo Liquida Ação, in parallel with his autonomous artistic research.

In his authorial work he tenses the ethical-aesthetic issues related to contemporary Latin American blackness, their identities and ancestry.

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